sexta-feira, 31 de julho de 2009

Com PIB dos EUA, Bovespa e dólar batem recordes do período de crise

YGOR SALLES
da Folha Online

O bom humor imperou nos mercados globais nesta sexta-feira com o resultado acima do esperado da economia americana no segundo trimestre, o que fez a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e a cotação do dólar comercial baterem hoje recordes que perduram desde setembro, quando se agravou a atual crise financeira global.

O Ibovespa (Índice Bovespa, principal indicador da Bolsa paulista) encerrou o dia com alta de 0,53%, aos 54.765 pontos, o nível mais alto desde 1º de setembro do ano passado. O giro financeiro foi de R$ 4,251 bilhões, abaixo da média diária deste ano (em torno de R$ 5 bilhões). No mês, o Ibovespa teve alta de 6,41%, e no ano já apresenta ganho de 45,84%.

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Já o dólar comercial recuou 0,48%, vendido a R$ 1,865. A moeda americana chegou, desta forma, à menor cotação desde 26 de setembro de 2008, quando encerrou negócios a R$ 1,851. No mês a queda foi de 5,04%, e no acumulado do ano a perda é de 20,09%.

O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos no segundo trimestre monopolizou as atenções dos investidores em todo o mundo hoje, e seu resultado garantiu que os ganhos fossem generalizados --o que incluiu o mercado brasileiro.

A economia do país teve recuo de 1% no segundo trimestre, segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércio americano. Apesar da queda, o desempenho foi superior ao esperado pelos analistas --a previsão era que o PIB americano recuasse 1,5% no período. Além disso, trata-se de uma recuperação em relação ao primeiro trimestre, quando a queda foi de 6,4%.

"O dado do PIB começou mal recebido, porque houve revisão para baixo do dado do primeiro trimestre [passou de queda de 5,5% para queda de 6,4%] e também caiu mais ainda o consumo, mas depois o mercado passou a enxergar positivamente", disse Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria. "Por exemplo, melhorou muito o investimento. Claramente houve uma recuperação."

A perspectiva de melhora na economia americana fez com que Wall Street tivesse hoje um dia positivo, o que reflete na Bovespa. O índice Dow Jones, o principal da Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês), encerrou o dia com alta de 0,19%.

Outro efeito do bom humor do mercado ocorreu no preço das commodities, que subiu devido à queda do dólar e pela perspectiva positiva para a economia global. O preço do petróleo, por exemplo, subiu 3,75% em Nova York, enquanto o índice CRB, um combinado dos preços das principais matérias-primas, avançou 1,7%.

Como as ações mais negociadas na Bovespa são de produtoras de commodities, essas altas trazem um ganho extra para a Bolsa paulista. Os ganhos aqui foram puxados pelas altas da Petrobras --as ações preferenciais subiram 0,8%, enquanto as ordinárias ganharam 0,86%-- e da mineradora Vale, cuja ação preferencial classe A ganhou 1,21%.

Outro destaque da Bolsa paulista hoje foi da fabricante de aeronaves Embraer. A empresa divulgou hoje que, a despeito do enfraquecimento do mercado de aviação por causa da crise, viu seu lucro crescer 31% no segundo trimestre. A ação ordinária da companhia subiu 6,04%.

Entre as ações listadas no Ibovespa, as maiores altas são das preferenciais classe A da Braskem (6,54%), das ordinárias da Embraer e das preferenciais da Duratex (4,66%). As maiores baixas são das preferenciais da Gol Linhas Aéreas (-3,38%), das ordinárias da Cosan (-2,8%) e das preferenciais classe B da Aracruz (-2,65%).

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