quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Porta-voz da Casa Branca se retrata após chamar Ahmadinejad de "líder eleito"

da Folha Online

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, se retratou nesta quarta-feira de sua declaração de que Mahmoud Ahmadinejad é o "líder eleito" do Irã. Dita em resposta à pergunta de um jornalista nesta terça-feira, a declaração tinha sido considerada o principal reconhecimento pelos Estados Unidos, da contestada reeleição de Ahmadinejad, que tomou posse nesta quarta-feira em seu segundo mandato, após dois meses de contestação dos opositores, que apontam indícios de fraude na eleição de 12 de junho.

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"Deixem-me corrigir um pouco o que disse ontem. Eu disse que Ahmadinejad era o líder eleito do Irã. Tenho que dizer que não cabe a mim emitir um julgamento a respeito", afirmou Gibbs em declarações à imprensa a bordo do avião presidencial Air Force One. "Ele tomou posse. É um fato. Se a eleição foi justa, obviamente, o povo iraniano ainda tem dúvidas sobre isso, e nós vamos deixá-los decidir isso."

Ahmadinejad foi empossado como presidente do Irã nesta quarta-feira em uma cerimônia no Parlamento boicotada por deputados e dirigentes reformistas e marcada por protestos de rua que contestavam sua vitória. Um forte esquema de segurança cercou a sede do Parlamento para evitar a aproximação de manifestantes.

Na capital do Quênia, Nairóbi, onde iniciou uma viagem por sete países africanos, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que os americanos não podem sempre lidar com os governos de sua preferência e elogiou os manifestantes da oposição. Ela disse que a oferta de diálogo feita pelo EUA ao Irã sobre o seu programa nuclear ainda está sobre a mesa, mas que Washington ainda não recebeu uma resposta.

"Nossa política continua a ser a mesma e nós aceitamos a realidade de que a pessoa que tomou posse hoje será considerada o presidente", disse a chefe da diplomacia americana. "Mas nós apreciamos e admiramos a contínua resistência e os esforços mantidos pelos reformistas para fazer as mudanças que o povo iraniano merece."

Os EUA deram um vago prazo final de setembro para que o Irã responda de forma positiva à "mão estendida" oferecida por Obama, sob pena de reforço nas sanções devido ao programa nuclear que, a despeito de suspeitas do Ocidente sobre finalidades bélicas, o governo iraniano diz ter fins pacíficos. Mas Hillary disse recentemente que, devido à turbulência eleitoral, ela não espera que o Irã tome uma decisão em breve nesse sentido.

Clinton disse que as grandes potências estão discutindo um pacote de incentivos e sanções para o Irã sobre o programa nuclear.

Além dos EUA, Reino Unido, França, Itália e Alemanha decidiram não felicitar o presidente iraniano.

Nesta quarta-feira, o Reino Unido reiterou a sua preocupação sobre a questão nuclear e os direitos humanos no Irã. "Tentar fazer progressos nessas questões difíceis, mas cruciais, requer diplomacia firme", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico.

Um representante de baixo escalão do governo alemão assistiu à cerimônia de posse de Ahmadinejad, mas nenhuma mensagem de felicitações foi enviada.

Em seu discurso de posse, o presidente iraniano reagiu com desdém à falta de mensagens de boas-vindas ao seu segundo mandato.

"Nós ouvimos que alguns dos líderes decidiram reconhecer, mas não parabenizar, o novo governo [...] Bem, ninguém no Irã está esperando felicitações".

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